sábado, 30 de junho de 2012

DPS


   Quando ela pôs a mão no meu ombro, percorri com os meus olhos a direção que a mesma tomava, em seguida, tentei ler nos seus olhos a sua intenção, porém, eles eram inelegíveis. Contudo, por mais que sejam incompreensíveis, os olhos ainda transparecem o que quer esconder. Havia nos seus olhos algo de melífluo e provocante, o resto do corpo, legível até para quem tem pouca visão, permanecia traços dosados entre a safadeza e a malícia, ou tudo isso não passava de projeções dos meus desejos, ou então, eu era um péssimo leitor.
   Seus dedos percorreram suavemente os meus ombros e dobraram a etiqueta da minha camiseta para dentro. Senti o contato da sua mão arder sobre a minha pele e sob a mesma um turbilhão febril me queimava por dentro. Sorrindo, olhou-me e não me disse nada. Não precisava, os meus olhos responderam a pergunta que não se fez, e ela entendeu que a resposta era sim. Eu a estava desejando.
   Noutro dia, estranhei a sua indiferença quando ao passar por mim não respondeu ao meu cumprimento. Eu que entendia tão bem da psique feminina, percebia que ela estava se tornando indecifrável para mim. Mas essa impressão durou pouco tempo, pois, segundos depois, ao passar por mim, ela jogou um rabo de olho safo e fez uma comunicação melhor ao ajeitar a blusa deixando à mostra as suas costas nuas. A calça era de cintura baixa e deixava mais dos que as costas à mostra. Sorrindo, ela desceu a blusa para esconder as três patinhas de gata tatuada na sua pele e partes do seu fio dental, então se virou e foi rebolando mais do que de costume. Decifrei-a, ela é do tipo que incendeia o homem e depois assopra, ora tentando apagar o fogo, ora tentando inflamá-lo mais ainda. E minhas certezas vieram se confirmar quando ela me disse que havia postado fotos novas no Facebook.
   Não esperei chegar em casa para acessar a internet fixa, acessei a móvel e entrei no Face no meu smartphone. Apesar da tela pequena, soube de imediato, ao abrir as suas fotos, que ela me levaria ao estado alfa, beta, ômega e a todas as letras do alfabeto grego até o Olímpio para eu saber que era a filha de Afrodite ou então a própria.
   Houvera de algumas mulheres, após a sua feitura, provocarem encantamento devido a sua beleza, apenas. É de dar pena, pois elas não sabem usar os atributos naturais para provocar o deslumbramento. No entanto, outras nascem feitas. Provocantes, sensuais apenas com o olhar, vão além, provocam o êxtase. Essas dão asas a nossa imaginação. Ela era assim.
   Fiquei a fantasiar a vórtice do seu sexo indo e vindo sobre partes do meu corpo, dedos, boca, língua. Porém, desejando escalar os dois montes moldados perfeitamente pelas mãos divina e me saber teso perdido no precipício de sua bunda para ser descoberto em profundo êxtase. Tudo nela é tão perfeito que até a cadência do seu rebolado soletra o meu nome, e-der, e a separação silábica se dá por um desnecessário fio dental.
   As três patinhas de gata tatuada em suas costas se perdendo por debaixo de sua calça não saíram da minha mente. A ansiedade em querer possuí-la estava me levando à loucura, ardia de desejos todos os dias, à noite sufocava a ansiedade em minhas mãos em gozos solitários. Passei a segui-la sem ela perceber, assim pensava. Porém, em uma sexta escura e quente, ela, vestida em um vestido floral trapézio, passou por mim e virou a cabeça com um leve sorriso nos lábios como se dissesse: eu sei. Fiquei estático, contudo, ela virou novamente a cabeça trazendo nos olhos toda a sua sensualidade como se quisesse que eu a seguisse. Não esperei ela virar novamente a cabeça e a segui. Quando ela estava em uma curva, eu apressei os passos para não perdê-la de vista, não obstante, ela fez o mesmo. Decepcionei-me, pois ela havia sumido. Não sabia qual era o seu jogo, mas percebia que não passava de um brinquedo em suas mãos. Segui em frente, frustrado, pois nunca havia desejado uma mulher como a estava desejando.
   Segui dispersivo, melhor dizendo, fui levado tentando achar um motivo para a minha fissura por ela. Poderia ser devido aos seus olhos, ora lascivos, ora pudicos; ou seus lábios, suculentos como um cáqui maduro, moldura perfeita para o seu belo sorriso, ora como um riso de uma criança, ora carregando uma malícia perceptível somente nas putas; ou então, era devido aos seus cachos que eu tanto queria me perder, ora em delírios prazerosos, ora em paz como se de anjos os cachos fossem.
   E assim eu estava indo quando uma mão me puxou para uma viela pouco iluminada. A primeira sensação que tive foi aromática, no ar permanecia um aroma de canela. A segunda foi do tato, mãos sedosas retiravam a minha camisa e percorria os meus mamilos até o meu púbis. A terceira foi a visão, diante de mim uma morena cremosa, trajando um vestido floral trapézio, querendo me foder muito mais do que eu a ela. A quarta foi a audição, sua voz penetrou os meus ouvidos me levando ao delírio: "eu não lhe disse o meu nome. Pode me chamar DPS, Doida Por Sexo". A quinta foi o paladar.
   Ela passou os braços pelo meu pescoço e depositou os seus lábios nos meus, ardentemente. Senti um sabor adocicado entremeado por um leve sabor salgado do sexo. Em seguida, com as pernas, ela se enganchou no meu quadril queimando a minha pele com o calor de sua boceta. O calor subiu lestamente pela barriga e ferveu a pele do meu pescoço, quando dei por mim, ela estava com as mãos apoiadas em um galho de uma árvore próxima ao muro que eu me apoiava para não cair, pois ela havia colocado as suas pernas no meu ombro. Com os calcanhares, ela me puxou para mais próximos do seu sexo e não precisou me pedir para subir o seu vestido. Ela estava sem calcinha. A sua boceta não tinha um fio de cabelo, a depilação feita dava a entender que fio ali nunca nascera, os seus lábios vaginais inchados e úmidos evolava um cheiro de canela entremeado por outro desconhecido. Colei-me a sua boceta para saber do seu sabor e freneticamente a chupei mordiscando suavemente os seus lábios vaginais. Ela se contorcia de prazer segurando bem firme no galho da árvore para não cair e cruzando as pernas, prendia a minha cabeça. Sufocado, parecia que o prazer ia chegar naquele estágio em que perdemos a razão e não somos senhor de nós mesmo. O ar estava me faltando, mas mesmo assim, eu não parei de chupá-la ao mesmo tempo em que enfiava o dedo no seu cu e quando eu comecei a dar pequenas mordidas no seu clitóris e sugá-los, ela chegou ao clímax jorrando em minha boca todo o seu gozo. As pernas relaxaram e então eu voltei a respirar. Sem dar fôlego, ela desceu dos meus ombros me jogando contra a parede com uma das mãos ao mesmo tempo em que com a outra abria o meu zíper. Enquanto descia as minhas calças, agora, com as duas mãos, com os dentes retirava a minha cueca. Ela, ajoelhada, beijou a glande do meu pau e levantou os olhos para ver a minha reação. Segurando a sua cabeça, eu enfiei o meu pau em sua boca várias vezes. Quando sosseguei, ela, pausadamente, cobriu com a sua boca todo o meu pau, senti-o latejar no calor da sua saliva. Mordendo a glande suavemente, ela me levou as alturas, a beira da loucura. Desceu passando a língua por todo o meu pau e chegando ao saco, ela os enfiou na boca pendendo-os com os dentes. Senti uma dor que não queria a cura, pois o prazer ultrapassava os limites dos sentidos, desejando unicamente a sua consumação. Ela já havia demonstrado o que dela eu pensava, pois no quesito sexual, se o corpo era perfeito, o era mais ainda ao fazer uso do mesmo. Então, com a palma da mão, ela massageou a ponta do meu pau. Os meus olhos viraram, eu estava indo à loucura, estava chegando ao orgasmo sem penetrá-la. Percebendo isso, ela tirou o meu saco da sua boca e eu senti o esperma querendo vir à tona. Lestamente, ela me derrubou no chão e montou em cima de meu pau. Eu, tal qual touro mecânico, gozei várias vezes e ela, que tão bem sabia montar e dominar um touro, urrava de prazer, satisfeita. Ela saiu de cima de mim, queria dizer que a estava amando, porém soaria falso. Ajeitando o seu vestido, ela passou um batom rosa e disse adeus. Sua boca parecia um botão querendo desabrochar em perfume. Senti, não o aroma, mas os espinhos da partida. Nunca mais a vi. 

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