sábado, 30 de junho de 2012

DPS


   Quando ela pôs a mão no meu ombro, percorri com os meus olhos a direção que a mesma tomava, em seguida, tentei ler nos seus olhos a sua intenção, porém, eles eram inelegíveis. Contudo, por mais que sejam incompreensíveis, os olhos ainda transparecem o que quer esconder. Havia nos seus olhos algo de melífluo e provocante, o resto do corpo, legível até para quem tem pouca visão, permanecia traços dosados entre a safadeza e a malícia, ou tudo isso não passava de projeções dos meus desejos, ou então, eu era um péssimo leitor.
   Seus dedos percorreram suavemente os meus ombros e dobraram a etiqueta da minha camiseta para dentro. Senti o contato da sua mão arder sobre a minha pele e sob a mesma um turbilhão febril me queimava por dentro. Sorrindo, olhou-me e não me disse nada. Não precisava, os meus olhos responderam a pergunta que não se fez, e ela entendeu que a resposta era sim. Eu a estava desejando.
   Noutro dia, estranhei a sua indiferença quando ao passar por mim não respondeu ao meu cumprimento. Eu que entendia tão bem da psique feminina, percebia que ela estava se tornando indecifrável para mim. Mas essa impressão durou pouco tempo, pois, segundos depois, ao passar por mim, ela jogou um rabo de olho safo e fez uma comunicação melhor ao ajeitar a blusa deixando à mostra as suas costas nuas. A calça era de cintura baixa e deixava mais dos que as costas à mostra. Sorrindo, ela desceu a blusa para esconder as três patinhas de gata tatuada na sua pele e partes do seu fio dental, então se virou e foi rebolando mais do que de costume. Decifrei-a, ela é do tipo que incendeia o homem e depois assopra, ora tentando apagar o fogo, ora tentando inflamá-lo mais ainda. E minhas certezas vieram se confirmar quando ela me disse que havia postado fotos novas no Facebook.
   Não esperei chegar em casa para acessar a internet fixa, acessei a móvel e entrei no Face no meu smartphone. Apesar da tela pequena, soube de imediato, ao abrir as suas fotos, que ela me levaria ao estado alfa, beta, ômega e a todas as letras do alfabeto grego até o Olímpio para eu saber que era a filha de Afrodite ou então a própria.
   Houvera de algumas mulheres, após a sua feitura, provocarem encantamento devido a sua beleza, apenas. É de dar pena, pois elas não sabem usar os atributos naturais para provocar o deslumbramento. No entanto, outras nascem feitas. Provocantes, sensuais apenas com o olhar, vão além, provocam o êxtase. Essas dão asas a nossa imaginação. Ela era assim.
   Fiquei a fantasiar a vórtice do seu sexo indo e vindo sobre partes do meu corpo, dedos, boca, língua. Porém, desejando escalar os dois montes moldados perfeitamente pelas mãos divina e me saber teso perdido no precipício de sua bunda para ser descoberto em profundo êxtase. Tudo nela é tão perfeito que até a cadência do seu rebolado soletra o meu nome, e-der, e a separação silábica se dá por um desnecessário fio dental.
   As três patinhas de gata tatuada em suas costas se perdendo por debaixo de sua calça não saíram da minha mente. A ansiedade em querer possuí-la estava me levando à loucura, ardia de desejos todos os dias, à noite sufocava a ansiedade em minhas mãos em gozos solitários. Passei a segui-la sem ela perceber, assim pensava. Porém, em uma sexta escura e quente, ela, vestida em um vestido floral trapézio, passou por mim e virou a cabeça com um leve sorriso nos lábios como se dissesse: eu sei. Fiquei estático, contudo, ela virou novamente a cabeça trazendo nos olhos toda a sua sensualidade como se quisesse que eu a seguisse. Não esperei ela virar novamente a cabeça e a segui. Quando ela estava em uma curva, eu apressei os passos para não perdê-la de vista, não obstante, ela fez o mesmo. Decepcionei-me, pois ela havia sumido. Não sabia qual era o seu jogo, mas percebia que não passava de um brinquedo em suas mãos. Segui em frente, frustrado, pois nunca havia desejado uma mulher como a estava desejando.
   Segui dispersivo, melhor dizendo, fui levado tentando achar um motivo para a minha fissura por ela. Poderia ser devido aos seus olhos, ora lascivos, ora pudicos; ou seus lábios, suculentos como um cáqui maduro, moldura perfeita para o seu belo sorriso, ora como um riso de uma criança, ora carregando uma malícia perceptível somente nas putas; ou então, era devido aos seus cachos que eu tanto queria me perder, ora em delírios prazerosos, ora em paz como se de anjos os cachos fossem.
   E assim eu estava indo quando uma mão me puxou para uma viela pouco iluminada. A primeira sensação que tive foi aromática, no ar permanecia um aroma de canela. A segunda foi do tato, mãos sedosas retiravam a minha camisa e percorria os meus mamilos até o meu púbis. A terceira foi a visão, diante de mim uma morena cremosa, trajando um vestido floral trapézio, querendo me foder muito mais do que eu a ela. A quarta foi a audição, sua voz penetrou os meus ouvidos me levando ao delírio: "eu não lhe disse o meu nome. Pode me chamar DPS, Doida Por Sexo". A quinta foi o paladar.
   Ela passou os braços pelo meu pescoço e depositou os seus lábios nos meus, ardentemente. Senti um sabor adocicado entremeado por um leve sabor salgado do sexo. Em seguida, com as pernas, ela se enganchou no meu quadril queimando a minha pele com o calor de sua boceta. O calor subiu lestamente pela barriga e ferveu a pele do meu pescoço, quando dei por mim, ela estava com as mãos apoiadas em um galho de uma árvore próxima ao muro que eu me apoiava para não cair, pois ela havia colocado as suas pernas no meu ombro. Com os calcanhares, ela me puxou para mais próximos do seu sexo e não precisou me pedir para subir o seu vestido. Ela estava sem calcinha. A sua boceta não tinha um fio de cabelo, a depilação feita dava a entender que fio ali nunca nascera, os seus lábios vaginais inchados e úmidos evolava um cheiro de canela entremeado por outro desconhecido. Colei-me a sua boceta para saber do seu sabor e freneticamente a chupei mordiscando suavemente os seus lábios vaginais. Ela se contorcia de prazer segurando bem firme no galho da árvore para não cair e cruzando as pernas, prendia a minha cabeça. Sufocado, parecia que o prazer ia chegar naquele estágio em que perdemos a razão e não somos senhor de nós mesmo. O ar estava me faltando, mas mesmo assim, eu não parei de chupá-la ao mesmo tempo em que enfiava o dedo no seu cu e quando eu comecei a dar pequenas mordidas no seu clitóris e sugá-los, ela chegou ao clímax jorrando em minha boca todo o seu gozo. As pernas relaxaram e então eu voltei a respirar. Sem dar fôlego, ela desceu dos meus ombros me jogando contra a parede com uma das mãos ao mesmo tempo em que com a outra abria o meu zíper. Enquanto descia as minhas calças, agora, com as duas mãos, com os dentes retirava a minha cueca. Ela, ajoelhada, beijou a glande do meu pau e levantou os olhos para ver a minha reação. Segurando a sua cabeça, eu enfiei o meu pau em sua boca várias vezes. Quando sosseguei, ela, pausadamente, cobriu com a sua boca todo o meu pau, senti-o latejar no calor da sua saliva. Mordendo a glande suavemente, ela me levou as alturas, a beira da loucura. Desceu passando a língua por todo o meu pau e chegando ao saco, ela os enfiou na boca pendendo-os com os dentes. Senti uma dor que não queria a cura, pois o prazer ultrapassava os limites dos sentidos, desejando unicamente a sua consumação. Ela já havia demonstrado o que dela eu pensava, pois no quesito sexual, se o corpo era perfeito, o era mais ainda ao fazer uso do mesmo. Então, com a palma da mão, ela massageou a ponta do meu pau. Os meus olhos viraram, eu estava indo à loucura, estava chegando ao orgasmo sem penetrá-la. Percebendo isso, ela tirou o meu saco da sua boca e eu senti o esperma querendo vir à tona. Lestamente, ela me derrubou no chão e montou em cima de meu pau. Eu, tal qual touro mecânico, gozei várias vezes e ela, que tão bem sabia montar e dominar um touro, urrava de prazer, satisfeita. Ela saiu de cima de mim, queria dizer que a estava amando, porém soaria falso. Ajeitando o seu vestido, ela passou um batom rosa e disse adeus. Sua boca parecia um botão querendo desabrochar em perfume. Senti, não o aroma, mas os espinhos da partida. Nunca mais a vi. 

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domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre galinha, vaca e piranha

     Ela parecia carregar um outdoor gigante iluminado por lâmpadas néon escrito em letras garrafais: "ME COMA ANTES QUE A MINHA CARNE PEREÇA". Ela era o que se denominava vulgarmente de galinha, e, como toda espécie evolui, logo se transmutaria em vaca, sem antes transitar por outro reino e nadar em outras águas como piranha. Enfim, ela própria chegaria a conclusão de que como galinha não alçaria voos, como vaca ruminaria por pastos secos, como piranha nadaria e morreria na beira do rio. Então, ela resolveu dar passos maiores e se tornou prostituta, dessas que em início de carreira, a garotada faz fila em volta do quarteirão onde está localizado o puteiro; isso sei por experiência própria, explico-me.
   Cansado das aulas de matemática e de suas somas de zeros redundarem em nada - eu queria era somar um mais um, ou, até mesmo, um mais zero, desde que fosse com o sexo oposto. -, convoquei os meus colegas de classe para cabularmos a aula e ir ao puteiro próximo da escola, pois havia chegado uma nordestina porreta, arretada e apertada. Tirando alguns CDFs, a classe masculina compareceu a convocação.
   Encontramos o cafetão, sentado, com a sua gata de estimação no colo, usando os dedos para masturbá-la. Segundo ele, a gata no cio era mais nervosa do que a mulher de TPM. A fila dava voltas no quarteirão, cliente antigo, furei a fila e fui o primeiro. Carne nova tem que ser comida sem muito caldo para saber de seu gosto, o restante da fila que se contentasse com um bom ensopado. Saí do puteiro sabendo matemática, não como Tales de Mileto, mas somando na pratica um mais um e um mais zero com o sexo oposto, tanto quanto o sexo oposto de subtração me ensinou ao me fazer saber que minha mesada tinha ido pro saco.
   Não sei quem foi que disse a minha mãe que algumas partes dos animais, cozidas, servem como revigorante. Saí do puteiro exultante e feliz, porém, bastou eu chegar em casa para a minha mãe dizer que estava pálido e precisava de uma cumbuca do seu revigorante. Ela voltou da cozinha com um ensopado de sobrecu da galinha. Enjoado, ao terminar de comer o ensopado, eu ouvi o riso entre dentes da minha prima e, logo em seguida, vi o seu outdoor gigante iluminado por lâmpadas néon escrito em letras garrafais: "ME COMA ANTES QUE MINHA CARNE PEREÇA".
   A minha prima é, como os patriarcas da família dizem, o galho podre da árvore genealógica, contudo, prefiro como os primos a define, a última maçã da macieira. E dentre todos os primos, eu era o único que não conhecia o gosto da fruta.
   Festa de Natal, eu estava tomando o meu ponche tranquilamente quando ouço a voz da minha prima:
   - O ruim dessas reuniões familiares é um falar mal do outro, o outro falar mal de um e tanto um como o outro não reclamar por saber que há muita verdade no que está sendo dito. Além disso, há esse ponche de maçã horrível, e no fim da festa, a rabanada de sua mãe, com exceção do seu pai, ninguém gosta. Tenho coisa melhor em minha casa para ser comida. Ah! Ia esquecendo dizer, a minha rabanada não é polvilhada com açúcar e canela.
   A alusão a rabanada me empolgou, contudo a minha tia cortou o meu apetite ao falar.
   - V..., leva o seu irmão P... que ele quer dormir.
   Sem cerimônias, ela pegou o seu irmão pelo colo, piscou para mim e meneando a cabeça fez sinal para segui-la. Os meus órgãos degustativos começaram a salivar ao divisar a rabanada diante de si, e a filha da puta ia rebolando cadencialmente. Provocando, cada banda da bunda soletrava: "me-co-ma". Em sua casa, ela depositou o seu irmão, atravessado, na cabeceira da cama e, pegando-me pela camisa, empurrou-me sobre o colchão ao pé da cama. Arrancou a minha calça juntamente com a cueca e, ajoelhada, chupou o meu pau. Despregando os botões, os da camisa, ela montou em cima de mim gritando talmente o jóquei ao divisar a vitória antes de cruzar a linha de chegada. Quando o seu irmão despertou, ao invés de sair de cima de mim, ela enterrou a cabeça dele com a mão no colchão. Receoso que ela o sufocasse, eu a esbofeteei uma, duas, três vezes tentando tirá-la de cima de mim, quando dei por mim, estávamos aos gemidos lutando box. O nosso gozo escorreu pelas minhas coxas ao mesmo tempo em que o seu irmão tossindo, sufocado, pedia socorro. Saí do quarto lestamente em direção ao banheiro para não ser reconhecido pelo primo. Poucos minutos depois, ela entrou no banheiro com um copo com Dreher e Martini, sentou no meu colo, ofereceu o drink, entrelaçou os seus braços sobre o meu ombro e sussurrou em meus ouvidos:
   - Quando adolescente, o meu desejo era que você quebrasse o meu cabaço, mas você não estava preparado para isso. Agora, que tal você quebrar o lacre do único buraco meu que não foi comido.
   Ela era uma mentirosa vulgar, porém, a sua vulgaridade me fascinava.
   - Em ouvido e nariz o "edinho" não consegue entrar. - Eu lhe disse.
   Ela, aos risos, sussurrou como se mastigasse cada letra da frase com gozo:
   - Eu quero que você quebre o lacre do meu rabo. Quero sentir o teu pau latejando no meu cu.
   Ela correu à cozinha, voltou com um pote de margarina Delícia, untou o meu pau e o chupou até ficar em posição de sentido. Virou-se e sentou em cima do "edinho". Vi ela se descabelar e chorar de desespero, pois o "edinho" não entrava no seu cu, ora vergava para a direita, ora para a esquerda. Afoita, ela, novamente, foi à cozinha trazendo todos os óleos ali existentes, do de soja ao de oliva. Infelizmente o "edinho" tinha pedigree, era um legítimo Ribeiro, devido a sua dimensão e espessura, não entraria.
   Quando ela saiu do quarto com uma sacola de supermercado cheia de produtos da Avon, eu tive certeza, ela era uma maníaca sexual. Cremes antiidades floriam em suas mãos. Receoso de que ele usasse aqueles cremes, eu lhe disse: "Nananinanão, você não vai usar...". Antes que eu completasse a frase, ela me interrompeu.
   - Primo Eder, eu não vou passar o creme em seu saco, pode ficar tranquilo, ele permanecerá enrugado. Vou usá-lo na sua rola. - Disse isso enchendo as mãos com os cremes e partindo para cima de mim com olhos famintos, mais ainda, o olho cego.
   - Por isso mesmo, vai que o creme funciona e o "edinho" volta a sua velha infância, ou seja, ao invés de ser um RIBEIRO com dois pontos e, entre eles, um longo e volumoso ponto de exclamação, passa a ser um ribeiro com minúsculas reticências.
   Quem disse que ela me ouviu, usou tantos potes de creme antiidade que daria para a minha tia rejuvenescer uns trinta anos, e olha que ela precisava. Porém não adiantou, por mais que ela tentasse, o "edinho" batia na trave e não entrava no gol. Enfim, ela desistiu. Quando estava saindo, ela me jogou contra a parede do banheiro dizendo-me: "Você não vai sair sem se despedir de mim". Assim que ela colocou a perna no vaso, e, com as mãos, enfiou o "edinho" na sua buceta, ao mesmo tempo, a minha tia enfiava a chave no buraco da fechadura da porta de entrada da casa. O barulho da abertura da porta nos salvou. Corri para o quarto, joguei-me embaixo da cama e ela atrás de mim empurrava as minhas roupas, a garrafa de Dreher e Martini e as sobras da pizza que havíamos pedido horas antes. Devido à cama ser baixa, eu tive que virar a cabeça - a de cima - de lado senão não entrava. Não obstante, as sobras de pizza não couberam embaixo da cama, eu tive que engoli-las; a garrafa de Dreher não cabia em pé, entornei-a de uma vez; a garrafa de Martini teve o mesmo destino. Neste dia perdi a minha paciência e nunca mais a recuperei. Foram horas exsudando a espera da saída da minha tia.
   Quando cheguei em casa, vomitei pizza em pedaços para tudo que é lado. Durante a primeira semana, a minha mãe me fez tomar caldo de rabo de piranha para depois introduzir ensopado de sobrecu de galinha e, finalmente, uma rabada de vaca. Jurei a mim mesmo nunca mais comer qualquer parte traseira dos animais.
   Após um mês, devido à insistência da minha prima, eu quebrei as juras.
   Ela conseguiu, eu marquei o gol.

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domingo, 14 de agosto de 2011

Meia-idade

Subi os olhos pela linha do seu corpo e quando me detive nos pés de galinha em seu rosto, eu me excitei. Desci os olhos delineando as curvas do seu corpo e quando me detive em seus pés, eu não consegui controlar as emoções. Havia algo de especial nela que eu ainda não sabia, não sei se era a pele sedosa, as coxas volumosas sem varizes ou então era a minha imperceptibilidade que me cegava e eu não via nenhum defeito. Nem um traço de celulite, nenhuma linha de estrias, até onde os meus olhos podiam ver. Deixei para a minha imaginação o que não era perceptível.
O fio dental invisível entre as nádegas, duas peras talhadas por mãos de artistas; o vórtice do seu sexo coberto pelo tecido transparente da parte frontal do fio dental deixando a mostra os seus pentelhos aparados me fez tremer nas bases. O seu colo descoberto deixava a minha imaginação correr solta. Os seus seios pareciam duas luas cheias sustidos pela rigidez e por mais que eu procurasse, não percebia nenhum miligrama de silicone. Os bicos dos seios como se quisessem saltar da blusa, pois os mesmos estavam intumescidos, salivaram, não a minha boca, mas o meu pênis. Teria que agir, posto que os desejos clamassem para ser apetecidos. A luz neon dava ao seu rosto uma aura angelical, porém os seus olhos diziam ao contrário, ela não era nada pudica. A echarpe cobrindo os seus cabelos e dando voltas no pescoço, tornava-a exótica e ao mesmo tempo erotizada.
Ia pedir para o bartender que me servisse uma caipirosca, ele sugeriu um Campari. A cor da bebida combinaria com meu estado de animal faminto no cio, disse. Desconsiderei, pedi uma dose de Dry Martini com duas gotas de menta, raspas de pimenta, um morango picado e duas pétalas de rosa vermelha. Estranhou o pedido, porém, eu não lhe dei trela, posto que na noite se um homem perde tempo conversando com um bartender, de uma ou duas, ou ele quer informação de algum bofe ou está afim do cara. Se tem uma coisa que não me apetece é o mesmo sexo.
Fui à mesa sequioso em me apetecer com o prato próprio para o meu gênero, ou seja, o sexo oposto, e levava em mãos os drinques.
- Posso. - Disse puxando a cadeira e me sentando.
- Acho que você não está em idade de poder. - Ela debochou.
- Tanto o poder, quanto a mulher, precisa de muito esforço para conquistá-los. E apesar da pouca idade, creio que ainda não me esforcei o suficiente para tê-los, mas tenho algo que me fará ter os dois. - Disse tudo isso movido pelo drinque que havia tomado, o dela ainda estava no copo.
- Fiquei curiosa em saber o quê. - Ela disse isso não somente através das palavras, mas, também, através dos olhos. E os seus olhos eram como um diamante, além do valor em si, traziam um magnetismo inexplicável.
- Uma vontade imensurável de foder. - Ao ouvir-me, ela riu com os olhos.
- Realmente, para se ter poder é necessário foder muitas pessoas. - Disse isso fingindo não ter me entendido, então me fiz explicar.
- Não. É necessário foder uma mulher, posto que com uma mulher em mãos, como você, todo homem é poderoso. - Ao perceber que ela ia se levantar, concluí que o xaveco não ia dar certo e então segurei em suas mãos.
- O que você quer menino?
- Você.
- Não acha que está querendo muito.
- Não. O muito vai ser se você me deixar fazer o seu café da manhã no outro dia.
Movimentando o dedo indicador pedindo que eu a seguisse, ao invés de tomar o rumo da saída, ela parou embaixo da escada e na penumbra, retirou a echarpe que cobria a sua cabeça deixando a mostra o seu longo cabelo plúmbeo. Até aquele momento eu sempre me perguntava o porquê das mulheres, principalmente as de meia idade, usar aquela peça de vestuário. Soube quando ela passou uma das pontas entre as pernas com uma das mãos e com a outra em cima da minha cabeça forçou-me para baixo. Ajoelhado, ela passou a echarpe pelo meu pescoço e novamente entre as pernas; com as duas pontas nas mãos, as transpassou pelas costas e as levou até os ombros puxando-me de encontro a sua boceta. Ela estava com uma micro-saia e sem nenhuma peça íntima.
Chupei-a freneticamente, assim que seu prazer chegava ao extremo, ela puxava com mais força as pontas da echarpe. Sufocado, a dor no pescoço estava insuportável, porém, não pedi para ela afrouxar, pois quanto mais dolorido ficava, mais prazer eu tinha. Ela gemia aos urros, o prazer que ela sentia deveria ser imensurável, pois percebi as veias do meu pescoço dilatadas devido à força empregada ao puxar mais ainda a echarpe. Minha boca estava tão pressionada a sua boceta que senti minha língua afundando entre as suas vulvas. Pensei que ia morrer, pois ela puxou demasiadamente a echarpe que minha língua endureceu de tal forma que eu não saberia diferenciar do meu pênis. O alívio veio quando senti o líquido do seu gozo escorregar pela língua e se perder em meu peito. Ela não me deu sossego, pediu para eu subir na escada, e quando o meu pênis estava na altura de sua boca, ela pegou uma das minhas pernas e colocou sobre o seu ombro, fez o mesmo com a outra perna. Com a sua boca afundada em meu pênis, ela começou a me chupar, mordiscando a minha glande e com as duas mãos beliscando os meus mamilos com a sua unha. A proporção da dor era equivalente ao do prazer. Ela era insaciável, retirou um creme da bolsa e passou no meu pau, o senti gelar e logo esquentar, abraçou-me com uma das mãos e com a outra segurando o meu pau, levou- até o seu cu. Curvou-me para trás e começou a morder o meu peito, senti o sangue escorrer, gritei de dor e quanto mais gritava, mais ela mordia e eu desesperado enfiava o meu pau no seu cu violentamente. Percebi que quanto mais violento eu enfiava, mais ela gozava e muito mais forte era a sua mordida. Somente quando senti que a estava rasgando foi que ela me soltou. Bati com a cabeça no chão e atordoado, eu levantei. Olhei em volta e não a vi, pudera, eu estava no meu quarto. Tudo não passou de um sonho. Tomei banho logo em seguida e ouvi a campainha tocar. Atendi. Era a minha vizinha pedindo um pouco de açúcar. Falei-lhe que só adoçava com leite condensado. Ela estranhou e saiu, segundos depois voltou e me perguntou se eu não queria fazer um café adoçado com leite condensado, pois estava precisando experimentar novos sabores, e foi enfática quando disse isso. Receoso, eu me retive, contudo, ela, ao virar-se, deixou transparecer outros desejos, alem o de beber café, e finalmente tomei a decisão de segui-la ao notar um fio de cabelo branco surgindo entre tantos outros pretos. Ela estava entrando na meia-idade.

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domingo, 11 de julho de 2010

Morbidez sexual

“O AUTOR ALERTA QUE A HISTÓRIA NÃO É FATO, E TÃO POUCO AUTOBIOGRÁFICA. A HISTÓRIA COMO AS PERSONAGENS VIVEM NO MUNDO DA FICÇÃO, QUAISQUER SEMELHANÇAS COM FATOS REAIS PERTENCEM AO CAMPO DAS COINCIDÊNCIAS”.

“Querer é o que fazem os corpos, e nós agora somos apenas fantasmas. – Marina Tsvietáieva”.

A minha necessidade de levar o zezinho ao colégio, isto é, dar um tapa na boneca, ou, mais precisamente, fazer um gol na boca do sapo, ou seja, se ainda não me fiz entender, foder, sendo que o necessitado não escolhe o quê supre suas necessidades, eu comecei a procurar uma mulher, no meu trabalho, que ensinasse o zezinho as boas lições que tão bem no colégio aprendemos, ou seja, ser boa de cama. E neste item eu sabia escolher, afinal, na arte de foder também sei ser professor.
Quando minhas amigas falaram que ela era vulgar, incongruente, de personalidade fraca, mau caráter e que todos os seus movimentos eram em direção ao sexo, ao invés de arrefecer os meus desejos fez foi aguçá-los, pois, para os homens, há duas palavras que os concitam para além da linha da moral, dinheiro e sexo – não necessariamente nesta ordem -, e o que menos se leva para cama é caráter e personalidade, pois ali, na cama, indubitavelmente, só cabe o sexo. Se eu fosse, aqui, descrever todos os defeitos que minhas amigas disseram dela, faltaria impropérios, e não seria a história um conto, mas sim um relato bíblico. Ademais quando as mulheres procuram defeitos em outra mulher é porque, sem sombras de dúvidas, elas estão sendo movidas pela inveja, e quando muitos defeitos nos outros posto são porque qualidades abundam.
Ensimesmado, o que eu mais estranhei nela foi o nome, mas o que é o nome, ou seja, a palavra senão uma invenção humana para melhor compreensão do mundo e de si. Não obstante o seu nome, para mim, não era propriamente um nome, estava mais para uma sigla. Ao tentar lhe dar uma carona, posto que ela morava a alguns quarteirões da minha rua, tentei tirar dela a explicação por se chamar Dransa, ela sorriu, recusou a carona, eroticamente, com o olhar, virou-se e saiu rebolando. Imaginei minha rola, por entre suas pernas, sendo, suavemente, sugada para dentro do seu reto. Tive uma ereção instantânea, e ali mesmo, dentro do carro, me masturbei sujando todo o painel do carro.
Foi em uma sexta-feira que ela, com uma minissaia que antevia o seu sexo, veio em minha direção e disse que aceitaria a carona. Tudo em volta de mim era sombra, somente ela era luz. Quando ela colocou sua perna esquerda dentro do carro tive a impressão que ela estava sem calcinha, vi-me mapeando suas coxas como procurando em cada poro o segredo para chegar a sua boceta. Ela inclinou suas duas pernas, as coxas, melífluas, eram lisas como uma pêra, colocou os braços sobre o encosto do banco, com a outra mão ajeitou seus longos cabelos cacheados sobre o ombro direito, encostou o queixo sobre a mão esquerda e ficou na posição que toda mulher virgem fica quando, apaixonada, mesmo apavorada, quer que seu amado quebre seu lacre. Viajei. A puxei para cima de mim, rasguei sua blusa e seus seios, duas maçãs macias, incitáveis, posto sobre seu tórax, com os mamilos róseos, foi, suavemente, sugados pela minha boca. Os mordisquei, ela gemeu, desci com a língua seguindo a linha imaginária que me levou ao prazer, fiz do seu umbigo, para sorver o suor contido em uma grama da beleza suprema que pudesse haver em uma mulher – nela havia -, copo para o meu deleite. Na ânsia de comê-la, tentei enfiar minha rola tesa em seus lábios vaginais, ela, afoita, o retirou e o enfiou em sua boca e após chupá-los beijou-me, senti o gosto do meu sêmen na sua boca. Com o canivete do meu cortador de unha cortei sua minissaia, e, ali, no banco do passageiro do meu carro, havia a criação divina, nua, beleza suprema, corpo perfeito, todas as curvas do mais belo desenho, jamais feito, diante de mim. E tapando seu sexo um fio dental cobrindo o cu e o risco. Caí de boca rasgando com os dentes a imperfeição que havia nela: o fio dental. Amiúde, a chupei ferozmente, mordisquei seus lábios vaginais, senti o gosto salgado e perfumado do seu sexo. Suas mãos postas na minha cabeça faziam-me adentrar mais e mais, com a língua, na sua boceta. Ouvi o grito de prazer dela ecoando por todo o carro. A ouvi me dizendo: “Doida Racional Apaixonada Necessitada de Sexo Animal, Dransa”. Não é uma sigla, mas um paradoxo. Foi aí que percebi que tudo foi fruto da minha imaginação. Ela continuava na mesma posição que toda mulher virgem fica quando, apaixonada, mesmo apavorada, quer que seu amado quebre seu lacre. Acelerei o carro, chegando em sua casa ela desceu, deixou cair às chaves de propósito, abaixou para pegá-las sem dobrar os joelhos. Ela estava sem calcinha, o sol refletido na sua bunda delineava os fios do seu pentelho. Percorri com os olhos, desde sua sandália de salto alto vermelho ferrari até a linha que dividia sua bunda, e me perdi, ensimesmado, no enigma da sua carne afeita ao meu sonho de consumo. Após pegar as chaves ela soergueu, virou-se, deu a volta por detrás do carro, pediu-me para abaixar o vidro da porta e enfiou a cabeça sussurrando no meu ouvido: “Dransa, mas, para você, poderia ser transa”. Se foi rebolando, e com suas passadas a minissaia foi subindo, ao chegar na porta de sua casa somente sua pele era a vestimenta que usava nas parte de baixo.
Um grande passo para a evolução humana foi ter recebido o sopro, e um passo maior para a sua involução foi, após o sopro, ter afastado do divino. Eu, humano por convicção, essencialmente divino, sem a arrogância de ser deus, não dei o passo, após o sopro da palavra transa em meu ouvido dito por Dransa, para minha evolução carnal. Minha rola latejava, todo o meu sangue, úmido de desejo, pulsava por suas veias. Por um momento pensei em usar as mãos para arrefecer a fome de sexo. Não as usei, as enfie no bolso da calça na esperança que tivesse dinheiro o suficiente para comprar sexo. Somente dez reais. Com este dinheiro eu não conseguiria nenhum programa, nem mesmo com uma daquelas putas do Largo Treze que, ávidas por dinheiro, aceitam qualquer um para um programa. Só me restou uma solução, recorrer às orgias infantis que eu e meus amigos tínhamos nas roças de melancia de um dos pais deles.
Estacionei o carro na garagem e fui, a pé, até a barraca de melancia e comprei a maior que havia lá. Foi a puta mais barata que eu consegui. Chegando em casa enchi o copo com Campari, e o emborquei de vez. Fumei um toco de diamba que havia sobradado da noite passada e fui até a cozinha pegar uma faca. Fiz um furo na casca da melancia deixando intacto o miolo, a joguei na cama e peguei um litro de glicerina no armário do banheiro. Espalhei a glicerina por todo o meu pênis e testículos e os friccionei, suavemente, com as duas mãos, com o calor provocado pelo movimento das mãos, as veias do meu pau dilataram fazendo meu sangue correr por sob a pele e dar coloração mais avermelhada a glande do meu pau. Peguei a melancia com as duas mãos e enfiei meu pau pelo orifício aberto, senti o gozo da melancia descendo pelas minhas pernas, senti o meu gozo explodindo a melancia em duas. Assim, foi o mais próximo que eu cheguei de uma relação com Dransa, pois no outro dia ela estava morta. Uma bala perdida lhe tirou a vida.
Quando cheguei no cemitério para o seu enterro fui impedido de entrar devido à aglomeração. O cemitério estava lotado, havia mais homens do que mulheres. Pensei que estava no local errado, ou então, tinha morrido algum famoso. Mas não, o enterro era da Dransa e toda aquela multidão de homens foram homens de sua vida, somente eu dentre tantos não havia a tido na cama.
Voltei desolado para casa com a alma impregnada de tristeza e uma sensação de inutilidade. Vazio, abri a porta e ao fechá-la deixei-me escorregar, fiquei assim, sentado no chão, oco, com um fio de abandono me percorrendo por dentro, incrustando em todos os meus cantos internos em busca de algum traço que pudesse dizer-lhe que em mim havia vida. Saí da minha letargia quando me veio à mente as lembranças de minha adolescência, perdida entre cemitérios, com meus amigos góticos, regadas a sexo, drogas e “Type O Negative”. Desvelei meu luto, peguei o que era necessário e voltei ao cemitério.
A fila ainda estava grande quando cheguei ao cemitério, muitos homens chorosos despediam dela pela última vez. Entesourado pela minha tristeza, ensimesmado, eu esperei o sol se pôr, a lua adentrar o écran celeste sombreando o ambiente, os últimos se despedirem dela atados ao caixão, para agir. Quando o coveiro abriu o jazido, levando o caixão em um carrinho parecido com uma maca, eu abri o sorriso de satisfeito. Esta noite ela não me escaparia. Entrei logo atrás do coveiro, sorrateiramente, espreitando por todos os cantos para não ser visto por nenhuma alma viva. Quando o coveiro colocou o caixão na gaveta e deu os primeiros passos que o levaria para fora, eu, eufórico, dei um grito de alegria. Pensei, tou ferrado. Qual nada, o coveiro saiu desesperado esquecendo o carrinho e a porta do jazido aberta.
Desnudei das vestimentas do corpo, desvelei as da alma, as que, tal qual as camadas da epiderme, nos protegem de tomar atitudes que nos fariam ser comparados aos animais. Retirei o Campari, a corda, o talco da mochila e travei o carrinho. Abri a gaveta onde se encontrava o caixão de Dransa e, na minha impetuosidade, o deixei cair no chão, ele se espatifou deixando a mostra toda a beleza de Dransa.
Quando retirei o resto de lasca de madeira do caixão, exalou-se um cheiro de flores campestres do seu corpo azulado e inchado. Bebi um pouco de Campari, a pus sobre o carrinho e espalhei talco sobre o seu corpo formando diversas carreiras do pó branco, as aspirei para ver se tirava o aroma fétido do ambiente. O talco foi adentrando as narinas, modificando o aroma que meu olfato estava sentindo e ao atingir o cérebro fiquei em um estado de euforia incomensurável, estava em êxtase. O corpo de Dransa estava duro tal qual pedra, quando tentei amarrar suas pernas com a corda para abri-las, senti seu corpo estremecer, quando virei foi que me dei conta que ela estava sentada com a garrafa de Campari na mão. Não tive medo. Senti ser laçado no pescoço pela corda e num puxão meu rosto estava colado no dela. Ela sussurrou em meus ouvidos: “Você não me quis viva, morta eu vou lhe dar tanto prazer que quando terminar você é que estará morto”. Quase sufocado ela me puxou pela corda para cima do carrinho, com o pé me deitou no mesmo, derramou o Campari sobre os seus seios e eu vi lentamente o filete da bebida percorrer as linhas do seu corpo e quando já chegando na sua boceta ela me puxou pela corda. Minha boca sentiu o calor da sua boceta, a primeira gota da bebida na minha língua me fez provar o gosto adocicado e ao mesmo tempo amargo do Campari. Amiúde, a chupei vorazmente, ela cavalgou sobre minha língua, esfregou freneticamente sua boceta na minha boca, e só parou quando o gosto salgado do seu gozo encharcou meus lábios respingando no chão. Descemos do carrinho, ela cravou suas unhas na parede do jazido, de costas pediu-me para jogar o Campari nas suas costas, puxando a corda me fez descer, com uma das mãos pegando na minha nuca enfiou meu rosto no seu rabo, seu cu, encharcado da bebida. floriu e eu, suavemente, o lambi até senti-lo lubrificado. Ela me levantou, quando olhou para mim, seus olhos estavam em chamas, parecia que estava medindo a distância entre a parede que estávamos com a outra do lado oposto. Ela enfiou meu pau no seu cu e, violentamente, deu marcha ré. Senti o impacto da minha coluna na parede. Não consegui divisar o que era dor de prazer. Em um vai e vem frenético, amiúde, de sua bunda no meu pau, como se um fosse afeito ao outro, ela uivou de prazer. Eu não sabia se estava vivo ou morto. Meu corpo estava alquebrado. Quando pensei que tinha acabado ela me arrastou pela corda me deitando no chão, mordiscou meu pau até ele ficar ereto, de novo, jogou Campari pelo orifício do mesmo, senti como se o estivesse queimando por dentro, e o que parecia impossível, em um destes momentos em que poucas mulheres conseguem isso, ou seja, conseguem dar total prazer ao homem, eu gozei em sua boca permanecendo com o pau duro. Ela sentou nele de costas, pegou o meu dedo médio e o enfiou no seu cu, com a corda em suas mãos me puxava de encontro a ela e soltava, e neste vai e vem todos os meus dedos entraram em seu cu enquanto ela me comia. Gozamos uma, duas, três, quatro vezes, ininterruptamente. Não sabia se era dia ou noite, mas uma certeza eu tinha, exausto, estava morto. Feliz por saber que daquele dia em diante, seja de dia ou noite, Dransa seria inteiramente minha, somente minha.

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domingo, 3 de janeiro de 2010

Todas as cores do arco-íris

“Quão maravilhosas as pessoas que não conhecemos bem – Millor Fernandes”

Balzac disse que a felicidade mata o poeta; como estou à espera de meu primeiro filho, estou mais do que feliz, sou a própria felicidade; portanto o poeta que há em mim, por enquanto, está morto e enterrado. Mas, para mim, escrever, ser poeta é a essência de ser, como estou na fase das vacas magras, onde a inspiração foi para o brejo, não consigo ser, mesmo como toda felicidade. Como não posso pagar uma boiada para ter de volta a inspiração, pois esta não se compra, ela é volátil, vai e vem como o desejo; e desejando muito escrever, mas com a mente vazia, antes que o diabo a ocupa, eu recorro ao “cesto de Moisés”, e de lá retiro mais um dos contos de meu, já falecido, amigo Onairam Mesrede e o transcrevo; farei isso logo, pois o diabo quando se põe em marcha, as mentes vazias entram em desespero, e a minha já sente as passadas do dito cujo.
Todo ser humano é dual, tem o bem e o mal dentro de si, pois ele é reflexo do seu mundo; e desde que o mundo é mundo, o bem e o mal já existiam; mas toda regra tem sua exceção, e um ser que fora criado na mais pura bondade, com pessoas ditas santas, poderia dentro de si arrumar a mesa para Deus e o Diabo jogar cartas, ora ganhando o primeiro, e na maioria das vezes o segundo. Assim era Mariza, a dualidade em pessoa; travestida de anjo, mas dentro de si fervilhava a maldade, o diabo dava as cartas há muito tempo. Estava com dezenove anos.
Fernando e Ruth, empresários bem sucedidos, jovens e casados recentemente, nutriam ainda do mel do amor, mas por suas atitudes percebiam que havia um vazio, ainda pequeno, entre eles; e aonde há um espaço, o diabo maquina para ocupá-lo. Eles quando saíam para o trabalho, cada um em seu carro, fecham os vidros para não olharem para a miséria que vicejava a sua volta. Tal qual os cavalheiros que colocavam cabrestos em seus cavalos para que eles tivessem apenas o horizonte como campo de visão, assim era o nosso casal. Somente enxergavam o próprio umbigo, suas visões eram delimitadas pelo egoísmo. E para desencargo de consciência, eles faziam doações para ONGS e programas televisivos assistencialistas; pois queiramos ou não, eles, como nós, são culpados por omissão, aceitando como normal à miserabilidade. E foi neste cenário de pobreza espiritual que o diabo colocou Mariza, trabalhando como secretária do lar.
Assim que Mariza chegou naquele lar, ela aguçou seus sentidos, principalmente a visão e a audição, e percebeu que o sexo entre os dois eram mecânico. Notara que Ruth era a que mais sentia a falta de amor; o mecanismo em Fernando era notório em todos os seus atos, não somente no sexo. E percebendo o vazio em Ruth, ela, ardilosamente, começou a por em prática o seu plano. Ali, com certeza, ela faria fortuna.
Nas refeições o Fernando era o primeiro a terminar, comia de tal forma que não sentia o sabor da comida. Após o desjejum enfiava o rosto no jornal a ponto de o mundo cair aos seus pés e ele não sentir. Após o almoço era o primeiro a sair, e após a ceia ia direto para o computador. Ruth era diferente, para ela toda refeição tinha um ritual, ela necessitava sentir o sabor dos alimentos, para ela isso era prazeroso.
Mariza percebeu que se fisicamente o Fernando estava ali, mentalmente ele estava em outro lugar. Então, quando ela servia Ruth roçava-lhe o vasto seio sobre os seus ombros, ou aproximava de tal forma que Ruth sentia o calor do seu sexo. Isto a perturbou muito; Mariza, percebendo isso, fez cara de inocente e sorriu-lhe angelicalmente. Noutro dia Mariza apareceu sem uniforme, pois ela disse que o mesmo havia manchado e que o tinha deixado de molho. Ela estava de mini-saia com uma blusa bem decotada. Fernando nada percebeu, mas Ruth notou muito bem. Seu corpo estremeceu todo, ela estava desejando Mariza. Após Fernando sair da mesa, Mariza, de propósito, deixou cair um garfo, quando abaixou para pegá-lo, Ruth viu que ela estava sem calcinha. O desejo cuspiu seu fogo por entre as pernas de Ruth, subindo-lhe por seu ventre até atingir sua língua, seus lábios intumesceram a ponto de ela querer os lábios vaginais de Mariza para sentir o gosto salgado do gozo. Mas se conteve. Mariza olhou de soslaio e percebeu todo nervosismo e inquietação de Ruth. Com a boca seca por não ter satisfeito o seu desejo, Ruth pediu que ela lhe servisse um suco. Mariza deu volta na mesa para pegar a jarra, quando voltou Ruth colocou o braço sobre a mesa, deixando o cotovelo bem afastado da mesma. Quando o desejo toma conta de nosso corpo é a alma que se perde, ou funde-se no calor do que é desejado. Primeiro ela sentiu o calor da boceta de Mariza na ponta do seu cotovelo, depois os pêlos bem aparados. O seio de Ruth assoberbou no vestido, os mamilos com cor e cheiro de cacau ficaram tesos. Por descuido, Mariza deixou cair à jarra de suco sobre o colo de Ruth, e esta a mandou despi-la e que a limpasse imediatamente. Mariza correu até a cozinha e molhou um pano, passando-o suavemente pelas coxas de Ruth que trêmula exalava tentação pela boceta, espargia o líquido seminal que encharcava sua calcinha. Abaixando sem dobrar os joelhos, Mariza deslizou suas mãos, delicadamente, da coxa até o calcanhar de Ruth; e esta, com os pelos da boceta de Mariza perto de sua boca, ia-lhe abraçar pela cintura para sentir o gosto da mesma. Percebendo isso, Mariza, para deixar Ruth mais excitada, afastou e lhe disse que depois do almoço tomaria um banho, pois precisava sair à tarde. Tesão e desânimo afeiçoavam no rosto de Ruth, mas mesmo assim ela permitiu.
Após o almoço Fernando saiu apressado, Mariza foi para o seu quarto, deixou a porta entreaberta e se dirigiu para o banheiro. Ruth esperou alguns minutos e se encaminhou para lá também. Mariza, percebendo que estava sendo observada, começou a deslizar o sabonete sobre seu seio, esfregando-o suavemente nos mamilos. Pegou o esfregão de corpo e introduziu o cabo na vagina fazendo movimentos, ora circulares, ora em vai e vem. Saindo do chuveiro encostou a bunda na quina do Box, e escorregou até o chão; de joelhos introduziu o dedo médio da mão esquerda na boca para lubrificá-lo, e em seguida o introduziu no seu ânus; com os dedos da mão direita ela massageava sua boceta; e em movimentos frenéticos, ela dava urros de prazer. Quando ela, espreitando, percebeu que Ruth não se agüentava de desejos, trancou a porta do banheiro.
Quando Mariza saiu do banheiro, Ruth a esperava sentada na cama; ela a puxou pelo braço jogando-a na cama, beijando-a na boca, e mordendo delicadamente o seu seio; após percorrer a língua pelo seu ventre, chegando à sua boceta, a mordiscou levemente, chupando-a impetuosamente. Entrelaçadas, cada uma abraçava a outra na cintura, chupando-se mutuamente, experimentando o gosto do gozo em seus lábios.
Vivendo uma semana de sexo intenso, Mariza preparou o golpe, quando Ruth lhe fez um pedido inusitado; transar como o Fernando, pois ela não sentia mais prazer com ele. Mariza gostou da idéia e adiou o golpe, afinal se uma já havia sido fisgada, porque não fisgar o outro.
Com Fernando ela teria que ser direta, com os homens não tem meio termo, ou é sexo, ou sexo. Ruth inventou um curso durante um mês para justificar sua ausência. Mariza sabia que sutilezas e malícias não despertariam a libido do Fernando; por isso ela colocou um vestido transparente, branco e curto, sem usar nenhuma roupa íntima. Fernando estava sentado no sofá lendo o jornal; Mariza apareceu na sala, o sol refletido sobre o seu vestido mostrava toda sua nudez; corpo branco com curvas que realçava o quadril largo e bumbum arrebitado, seios vastos e firmes com mamilos róseos, abdômen reto com um umbigo que era convite a tentação; axilas lisas exalavam cheiro de jasmim. Em volta dela desejo e sexo flamejava. Fernando perdia-se na leitura. Mariza agiu, arrancou-lhe o jornal surpreendendo-lhe. Fernando, vendo todo aquele monumento, carne leitosa e macia, não resistiu. Pegou Mariza pelos cabelos, arrastou-a até a mesa da sala. Com uma das mãos colocou a sua cabeça na mesa; com a outra levantou o seu vestido, e, sem piedade, violentamente, rasgou seu ânus com seu pênis que latejava de desejo. Mariza gritou de dor; após o gozo de Fernando, desmaiou.
Decorrido uma semana e refeita da dor, não das feridas, Mariza preparou o cenário da vingança. Os olhos de Fernando já não se perdiam sobre o jornal, eles procuravam Mariza onde quer que ela esteja. Somente de vez em quando volviam às letras. Mariza, cada vez mais, despudoramente, se insinuava. Fernando, pensando que ela estava distraída, chegou por detrás e deu-lhe uma gravata; Mariza, serelepe, desvencilhou do golpe e correu para o quarto. Fernando, entrando na arapuca, encontrou-a, na cama, nua de pernas abertas. De joelhos na cama, Fernando foi a sua direção, desferiu um tapa em seu rosto, que, de imediato, Mariza revidou com um chute, derrubando-o no chão; como ele havia batido a boca na quina da cama, sangrava. Passando a língua sobre o sangue que escorria, ele esboçou um sorriso. Sua expressão era de prazer. Beijou-a e depois a esbofeteou. Seu pênis intumescido pulsava de desejo, ele tentou virá-la, mas antes que ele fizesse isso, Mariza, temerosa com outro defloramento anal, pegou seu pênis e enfiou na sua boceta. Com a outra mão, ela tateou sobre a cama e encontrou a escova de cabelo que ela havia colocado sob o travesseiro. Com as pernas ela abraçou a cintura e Fernando, forçando-o a deitar sobre ela; e segurando com as duas mãos o cabo da escova enfiou em seu ânus com força desmedida. Fernando gemeu, não de dor, mas de prazer, pedindo-a que enfiasse mais e mais. Mariza, percebendo que o enfeite de madeira da cabeceira da cama era roliço e mais grosso do que o cabo da escova, desferiu, violentamente, os pés contra o mesmo, quebrando-o. Sem usar nenhum lubrificante, pois o ânus de Fernando estava mais úmido do que pântano em dias de chuvas, introduziu o enfeite roliço sem empregar nenhuma força, o ânus dele estava tão excitado que caberia todos os pés da cama. E ele, gemendo de prazer, pedia que ela fizesse movimentos veementes; frenético, em estado de arrebatamento, Fernando gozou dentro da Mariza; também seu ânus, lúbrico, encharcava-se em gozo. Extenuado e satisfeito, Fernando, após a orgia, atracou ao pescoço de Mariza e lhe sussurrou aos ouvidos que se ela contasse a alguém o que aconteceu naquele quarto, ela estaria decretando a sua sentença de morte.
Quando o Fernando saiu para o trabalho, Mariza, contentíssima, deu uma gargalhada estridente. Ainda nua, com o corpo cheirando a sexo, divinamente mulher, pois só a sós nos mostramos como somos, ela se mostrou tirando de cima do guarda-roupa a câmera e verificou que tanto imagem e áudio estavam perfeitos; não só as cenas de sexo com o Fernando, mas as com Ruth também. Extorquindo um por vez, da Ruth ela conseguiu oitocentos mil reais, do Fernando a bolada foi bem maior, um milhão e quinhentos mil reais. Tanto Fernando, como Ruth manteriam as aparências, se escondendo sobre as cores do arco-íris, não se revelando ao sol. Duais, sobre o manto do casamento, foram felizes ao seu modo.
Fortuna feita, Mariza abriu um puteiro em Brasília, freqüentado por empresários e políticos. Decorridos muitos anos, cansada da vida de madalena, ela saiu da prostituição para entrar em outra, a política.

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